Era uma vez um gerente de RH chamado Júlio preocupado com um número crescente de absenteísmo, turnover e burnout na sua empresa, uma produtora de aplicativos. Todos os dias, alguém vinha comentar com ele sobre o nível de pressão e temor que à crise econômica e as dificuldades financeiras da empresa estavam causando na moral do pessoal. Um dia, ao passar por uma sala de reunião, ouviu Pedro, gerente de desenvolvimento, falando alto em tom irado, ele resolveu ficar por perto e pouco depois Saulo, um programador de interfaces, saiu de lá de cabeça baixa e praticamente se arrastando. Por causa disso Júlio foi conversar com o Pedro, que contou estar muito irritado com as entregas do Saulo e que isso estava impactando um cliente. Devido à conversa, Júlio resolveu ver o local onde Saulo produzia seus códigos, para sentir o ambiente. Lá cada mesa tinha um grande monitor na vertical e outro na horizontal, diferente de outros grupos, este em particular usava computadores de mesa específicos para aquela atividade. Estavam tão concentrados, digitando e olhando para as telas que não notaram a proximidade de Júlio, todos denotavam cansaço no rosto e no corpo. Após essa visita, Júlio voltou a chamar o Pedro e perguntou sobre o estresse do grupo e se isso não estaria afetando as entregas. Pedro disse que o que importava era as entregas e os bônus que receberiam se elas acontecessem. Por causa dessa resposta, Júlio indagou Pedro sobre o que falaram meses atrás na reunião sobre bem-estar com os gerentes. Então finalmente, Pedro tomou coragem e disse ao Júlio: ” — Olha aquilo esse negócio de bem-estar é muito lindo, mas não paga as nossas contas, vamos parar de ser infantis e focar no que importa, esse pessoal é cheio de mimimis” E foram infelizes para sempre. Fim Veja também o artigo do portal de economia do uol (https://economia.uol.com.br/colunas/carlos-juliano-barros/2022/05/24/serie-sobre-ceo-excentrico-do-wework-escancara-infantilizacao-do-trabalho.htm) Você, já vivenciou situação semelhante? O fato é que bem-estar nas empresas, apesar de ser reconhecido como muito importante para a criatividade e produtividades das pessoas, não se acha nas prateleiras. Empresas que foram bem-sucedidas nessa abordagem, entenderam ser uma mudança de cultura e que muitos elementos que ultrapassam os limites comuns do RH são tocados na mudança para, e manutenção de bem-estar nas empresas. É comum ações soltas, como disponibilidade de mesas de ping-pong e folga no dia do aniversário, serem declaradas como indicadores de que a empresa se preocupa com bem-estar. Assim, não é difícil que com o nível gerencial sendo bonificado pelas entregas e tranquilo com bem-estar, afinal temos mesas de ping-pong e dia de aniversário, tire do seu radar um ambiente de bem-estar. Na história acima, Pedro estava errado em dar foco naquilo que lhe pagam mais para dar foco? Ele estaria certo por tomar o risco por investir num ambiente melhor e mais produtivo no médio e longo prazo? A questão já foi percebida por algumas empresas como a @Deloitte que tem um “Chief Wellbeing Officer ou CWO” para cuidar do assunto e alinhar as diversas iniciativas necessárias para uma cultura de bem-estar (veja este artigo da FORBES sobre CWOs/ https://www.forbes.com/sites/colleenreilly/2020/07/07/the-rise-of-the-chief-wellbeing-officer/?sh=685e509c1fce). Ações soltas terminam por serem percebidas como infantilização do ambiente de trabalho, mesmo que tenham nascido para “tirar a contração” oriunda do foco prologando em alguma atividade ligada ao “trabalho”. Assim sua empresa foca no Bem-estar ou quer mostrar o playground?
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