Uma Pequena Fabula
Numa manhã chuvosa de uma segunda qualquer numa empresa nacional em expansão. A recém-admitida diretora de RH (Sandra), a responsável pela área de treinamento (você), sua auxiliar (Laura) e o analista do financeiro (Pedro) começam mais uma reunião de planejamento do orçamento para desenvolvimento do pessoal no próximo ano. Você esta confiante que todos os números já foram revisados e com um pouco de sorte esta será uma das últimas reuniões sobre esse assunto.
Tudo esta indo muito bem, até que a diretora questiona sobre a repetição daquele evento "motivacional", ela diz que o diretor de vendas a questionou na última reunião de diretoria. Laura olha para você com aquela maldita cara de "eu te avisei", Pedro não consegue esconder aquele sorrisinho amarelo "de se deu mal". Você respira fundo, lembra das próximas parcelas do financiamento do apartamento, toma coragem e diz:
- "Então Sandra, sei que o diretor de vendas gostou bastante do evento, principalmente das margaritas e do show de mulatas no final, mas como o orçamento foi reduzido este ano e todos os participantes mal lembram do workshop que também aconteceu lá; preferi focar mais nas áreas que você me pediu." Fez-se silêncio e todos olharam para Sandra esperando sua reação.....
E você já passou por algo parecido?
Já notou que existe uma confusão de intensões e expectativas quando se fala de desenvolvimento de pessoas? Que tal segmentar isso para facilitar a conversa e separar os fatos e as versões?
Fatiando Intenções em Desenvolvimento
Indo direto ao ponto, o proposto como pode notar na figura acima é segmentar o que é feito em desenvolvimento em 5 categorias de expectativas. Sabendo que temos uma armadilha devido à área lidar com expectativas humanas e econômicas e nem sempre expostas.
Por que em função das expectativas e não outras, por exemplo, por áreas? Porque através das expectativas teremos também necessidades de atuação distintas. Para os usuários do fornecido pelo desenvolvimento essa questão pode ser irrelevante, mas particularmente para o planejamento da área isso muda tudo, desde o perfil dos fornecedores até os indicadores a serem utilizados
As Categorias
Ensinar - Neste caso a expectativa é que realmente as pessoas aprendam, os casos mais claros ocorrem quando treinamos sobre algo que esperamos que não seja utilizado, por exemplo, pilotos que treinam através de simulações como reagir no caso de falhas de aviões ou situações adversas. Ninguém espera que isso seja necessário, mas ninguém gostaria de voar se o piloto não estiver preparado para coisas assim. Os casos mais comuns são os treinamentos de "compliance" nas empresas.
Prestar - Este caso vive sob o tapete, porém é comum, tratasse normalmente dos treinamentos que são feitos para atender situações onde não há abertura para implementar soluções eficazes, usualmente é gerado pela idiossincrasia de líderes ou ausência de alternativas. São casos onde a área de desenvolvimento é quase coagida a fornecer, por exemplo, aquele treinamento recorrente de atendimento de clientes para o mesmo departamento, sempre com pessoas diferentes porque a retenção da área é baixíssima ou o gestor não se impõem.
Estimular - Nesta categoria, no melhor caso buscasse criar ou mudar um determinado clima, por exemplo, para iniciar um processo ou dar direcionamento. Os famosos treinamentos motivacionais de um dia, ‘workshops’ sobre tratativas de mudanças. São mais eventos que atividades de desenvolvimento, mas em determinados contextos e condições podem ser muito úteis. Aqui vale a ressalva que é importante entender se expectativa cai mais em Prestar como parece ser o caso da "fábula" acima, do que em estimular.
Reter - Particularmente quando o mercado de trabalho está aquecido ou em empresas de baixa remuneração, essa categoria de abordagem pode ser uma alternativa mais econômica que melhores salários ou benefícios. O importante aqui é ter clareza honesta e real da expectativa e se a entrega tem o efeito esperado e não o oposto como é comum em alguns programas de "trainees".
Prosperar - É quase irônico que essa categoria sofra resistência por ser considerada menos nobre ou humana. Nessa categoria estão as iniciativas que buscam melhorar o resultado da empresa através do que as pessoas podem fazer melhor, de modo distinto ou novo. A abordagem é prática e pode incluir inúmeras ferramentas como treinamentos, mudanças de processos ou novas ferramentas.
Olhando o conjunto
Essas categorias podem eventualmente trabalharem em conjunto em função da circunstância ou mesmo estarem embutidas uma nas outras em alguns casos, por exemplo, uma atividade motivacional (estimular) seguida de um programa de formação e outras iniciativas com foco em fazer a empresa prosperar.
A grande vantagem de trazer essa categorização para o planejamento e acompanhamento do orçamento e a consequente clareza das reais expectativas e consequentemente do resultado evitando subjetividade onde os números se fazem necessários.
Gostou? Você reconhece essas categorias? Comente para que continuemos este tema ou para oferecermos novos assuntos.
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